2018 pelos olhos de uma mãe imperfeita
Antes de começar a falar sobre o ano que está praticamente a terminar deixem-me já dizer que é natural que me vá esquecer de coisas importantes mas, para além de ter passado mais de metade do ano grávida e, por isso, com os neurónios sedados, 90% do tempo a televisão cá de casa esteve ligada na Baby TV e a única coisa relevante que por lá se passou foi a substituição do "Henrique o gato comilão" pelo "Grande Chefe Momento".
Gostava de começar por falar um bocadinho sobre as coisas que aconteceram do lado de lá do Atlântico e dizer que, na minha opinião, o Brasil viveu um ano estupidamente difícil. Para além dos escandâlos ligados à corrupção, os brasileiros choraram ainda a morte de Marielle Franco, assassinada a tiro, e viram o Museu Nacional quase totalmente destruído por um incêndio. E se estão a pensar que agora vou escrever sobre a eleição daquele senhor simpático que acha que a homessexualidade se cura à porrada estão muito enganadas. Aliás, vou falar mas para dizer uma coisa de que quase ninguém falou: defeitos do homem à parte, e são tantos que até assustam, já repararam que ele tem um tradutor de LIBRAS (língua brasileira de sinais - que é o equivalente à língua gestual portuguesa) sempre que fala ao povo? Pois... Não o absolve daquelas afirmações que parecem feitas por um padre da santa inquisição, é certo; mas é um ponto que aqui a mãe do surdo acha muito positivo.
No mundo tivemos algumas boas notícias em 2018. Pois que parece que aquele porquinho do refugo lunático a quem deram uma caixa de fósforos e um bidão de gasolina e que dá pelo nome de Kim Jong-Un ganhou um bocadinho de juízo e comprometeu-se a assinar um acordo de paz com a Coreia do Sul. Para além disso reuniu-se em Singapura com Donald Trump e aposto que nem numa ala psiquátrica de crónicos o nível de loucura é tão grande como foi ali. Mandasse eu nesta merda e esses dois eram enfiados numa camisa de forças e começavam a fazer haldol em esquema. Mas como não mando eles continuam a ter acesso a armamento nuclear e a atentar diariamente contra os direitos humanos (um numa ditadura demente e outro numa fronteira de inferno).
Foi também em 2018 que morreu o último rinoceronte branco-do-norte macho do mundo. O bicho homem está mais uma vez de parabéns. Gostamos é de comprar a alface já lavada e com as folhinhas separadas embaladas em plástico e de deixar a água a correr enquanto lavamos os dentinhos e o resto quem vier atrás que feche a porta. Sucede que quem vem atrás são os nossos filhos e netos mas pronto, devo ser eu quem não está a ver bem o filme.
Vá, chega de coisas más. Passemos às péssimas. Então o príncipe Harry casou e não foi comigo? Que merda foi esta de ir buscar a gira da Meghan às Américas e dar o nó? Partiu-me o coração foi o que foi. Ainda na realeza o Rei Filipe (ainda não me dá jeito nenhum escrever isto assim) também não teve um ano fácil. Os catalães a quererem a independência, o governo a cair e a mulher e a mãe sempre às turras. Convenhamos que é muita carga para um homem só caraças...
Em 2018 a França foi campeã do mundo de futebol, as mulheres passaram a poder conduzir na Arábia Sáudita e o mundo comoveu-se com o resgate dos jovens tailandeses da gruta onde passaram dias e dias.
Em Portugal tivemos a realização do festival da Eurovisão onde mostrámos que somos bons a organizar coisas mas que temos a magia dos golfinhos: viemos cá acima fazer a gracinha com a vitória do Salvador Sobral em 2017 mas depois voltámos ao fundo da tabela que é onde costumamos estar e, assim como assim, já nem estranhamos. Foi também este ano que descobrimos que a Assembleia da República é uma bandalheira ainda maior do que imaginávamos com deputados a votarem sem estarem presentes, outros a receberem subsídios de viagens imaginárias e, cereja no topo, descobrimos que até manicure dá para fazer por aqueles lados. A eutanásia voltou a não passar. Quanto ao futebol não me vou estender muito porque vi o meu clube do coração entrar em autofagia e, neste momento, o único funcionário do Sporting que tem a minha fé é o Paulinho. Ai, mas esperem lá... A palavra toupeira diz-vos alguma coisa?
Infelizmente, o ano chegou ao fim com duas tragédias: a derrocada da estrada de Borba e a queda do Helicóptero do INEM em Valongo. O coração dos portugueses ficou um bocadinho mais apertado. Que nada disto se repita em 2019 é o que desejamos todos.
Ainda em Portugal, e voltando a um registo mais leve, houve mais coisas a acontecer... Foram as famosas a engravidar que nem coelhas, o Carlos Costa a soltar a franga, a Maria Leal a mostrar que é ainda mais feia por dentro que por fora, a Ana Malhoa a gravar vídeos com cavalos, a Madalena Menezes no hospital de Santa Maria e a Cristina Ferreira a sair para a SIC. Mas sobre esses assuntos estão vocês cansadas de ouvir falar.
Ah, antes que me esqueça. Em 2018 nasceu a página "a mãe imperfeita". E se isso não é uma coisa importante, então não sei o que raio é importante para vocês.
* A imagem foi roubada do Google