É da mãe. Sempre e em todas as circunstâncias. Independentemente do prisma as mães são as culpadas de tudo e, o mais grave, é que nem precisam que essa culpa seja apontada por outros; se há coisa em que as mães são realmente doutoradas é em culparem-se por tudo e mais um par de botas. O miúdo constipou-se? Fui eu quem lhe vestiu pouca roupa. O miúdo jantou mal? A minha sopa estava ruim. O miúdo está birrento? Sou eu quem lhe está a dar pouca atenção. Fui obrigada a trabalhar no dia da festa de Natal do miúdo? Culpa minha que tenho um emprego com horários incompatíveis com a família. O miúdo ficou surdo em consequência do parto? Não teria acontecido se eu tivesse uma bacia mais larga.
Às vezes é quase fácil demais afundar na espiral da culpa. Hoje o Pedro pisou uma peça de Lego que estava espalhada no chão e acabou por cair. Enquanto ele chorava ao meu colo eu só pensava que já devia ter arrumado as peças, que era mil vezes culpada da queda, que era uma porcaria de mãe e mais mil merdices do género. Até que um alarme qualquer disparou na minha cabeça (suponho que tenha sido de autopreservação). Fogo, eu passo o dia inteirinho, vinte e quatro horas completas, a colocar as necessidades dele acima de tudo o resto, faço das tripas coração para ter disponibilidade total, brinco, lavo roupa, faço sopas, passo a ferro, dou banho, jantar, embalo para adormecer e depois caio de podre sem sequer ter tempo para me coçar. E quem não tem tempo para se coçar também não devia ter tempo para se afundar em culpas mas... Isto é inerente à maternidade, certo?
A gente "esmerdalha-se" mas nunca parece ser suficiente. Às vezes a gente pedala, pedala, pedala mas nunca consegue chegar à meta e o nosso melhor, nos dias bons, é assim uma espécie de melhorzito que sabe sempre a pouco. Não importa o quanto consigamos, no final do dia a sensação é sempre que fomos insuficientes. Sentimos que gerimos mal o nosso tempo, que podiamos ter dado mais. E fica fácil abraçar a culpa mas porra, recuso-me. De verdade que me recuso. Jurei a mim mesma que vou enfiar a culpa num saco e atirá-la para longe. A partir de hoje a culpa que vá bater a outra porta que esta aqui está trancada a sete chaves.
Não sei de quem é a culpa mas uma coisa vos garanto: da mãe não é de certeza!
Conheço um pai que não deixam ser. A história, contada de forma rápida, é a de um homem divorciado, professor num ginásio, que decide aceitar o convite de uma aluna para jantar. Ela parece simpática, é bonita e as coisas vão evoluindo. Alguns meses depois do primeiro encontro decidem viver juntos e ela começa a pressionar loucamente no sentido de terem um filho. A pressão é alta e ele, que também sempre quis ser pai, acaba por ceder. Ela engravida e o inferno começa. À medida que a gravidez vai evoluindo ela vai-se afastando, arranjando conflitos por todos os motivos e também por motivos nenhuns, a mãe dela torna-se uma figura sempre presente lá em casa. Um dia ele chega a casa e ela não está. Foi embora, grávida de trinta e tal semanas, carregando o filho deles na barriga. Não lhe disse para onde ia, não lhe disse se voltava. Ele só volta a saber dela no dia em que o filho nasce, por intermédio de um familiar. Desloca-se à maternidade e descobre que foram dadas ordens expressas no sentido de não o deixarem entrar para conhecer o filho. A trama adensa-se. Fazem-se testes de paternidade, confirma-se que ele é efectivamente o pai da criança. A mãe continua a recusar a presença paterna e acaba por informar de que o único objectivo que tinha no relacionamento era engravidar e, desde que conseguiu, ele estava absolutamente dispensado. Foi mais longe e sugeriu-lhe que continuasse a vidinha descansado, esquecendo-se da criança, uma vez que ela nem sequer exigiria qualquer pensão de alimentos. Ele não quis e lutou arduamente (ainda luta) em tribunal. Foi-lhe permitido conhecer o filho, o tribunal decretou que, numa fase inicial o pai poderia visitar a criança uma vez por semana, sempre com familiares presentes. A mãe pegou no miúdo e fugiu para o Algarve. Seguiu-se nova batalha no sentido de descobrir o paradeiro da criaça. O menino hoje tem quatro anos. Contam-se pelos dedos das mãos as vezes em que esteve com o pai.
Esta história, assustadora mas real, é só um dos milhares de casos de alienação parental que acontecem diariamente no nosso país. E se também há casos em que o alienador é o pai, na grande maioria dos casos são eles os progenitores alienados. Para quem se pergunta exactamente o que é a alienação parental esta pode ser definida como a situação em que um pai manipula o filho(a) no sentido em que procura distorcer a imagem do outro progenitor levando a quem a criança coloque em causa os laços afectivos. São basicamente as situações em que as crianças são utilizadas como "armas de arremesso". E quem é que não conhece um caso assim? Mesmo que não haja impedimento e a criança até possa passar tempo com o pai, quem é que não conhece pelo menos uma mãe, que não vá destilando aqui e ali umas gotinhas de ódio em relação à figura paterna? E infelizmente muitas vezes estas tentativas de alienação ocorrem até com casais que vivem juntos.
Caramba, quem serão as mães que, agarradas ao seu egoísmo, ou ao seu desgosto, impedem os filhos de ter um pai? Quem é a mãe que no seu perfeito juízo priva as crianças de uma das partes mais fundamentais para o seu desenvolvimento equilibrado? Quem é que por mágoa ou revolta pode roubar aos filhos o direito a ser realmente feliz? E "desimaginem-se" as mães que acreditam que os filhos não precisam de um pai para nada. Obviamente estão excluídas deste grupo as mães que, por força das circunstâncias, têm que desempenhar os dois papéis. Não nos podemos esquecer que existe um grupo de homens que, quando se separa das mães, também se separa das crianças. Muitas vezes lá vão enviando um pagamento mensal para aliviar a consciência e, outras vezes, nem isso. A questão é que a esses não podemos sequer chamar pais e não é sobre eles que devemos falar hoje.
Hoje é dia de falar nos pais que o querem realmente ser mas se vêem impedidos por mil circunstâncias diferentes e, quase sempre, desconsiderando o superior interesse das crianças. Hoje é dia de falar nos pais que vêem os seus filhos transformados em "coisas" que servem para os atingir e magoar, que vêem os seus filhos serem lançados para o meio de uma guerra onde não merecem estar. Porque, e esta é a verdade, por muito que tenham magoado as mães dos seus filhos, estes homens nunca colocaram a paternidade em causa e o seu amor pelos filhos permanece intocável e do tamanho do mundo. Que ninguém ouse jamais acreditar que defende os filhos quando os afasta da figura do pai. Todas os meninos precisam de um companheiro, de uma referência, de um ideal, de uma mão firme e de um abraço apertado. E todas as meninas precisam do seu cavaleiro andante, do companheiro apaixonado, do pai amigo e fiel que as há-de proteger sempre. O resto são mágoas e rancores de adultos que deviam sempre ser colocados em segundo, terceiro ou décimo plano.
É por isso que dedico o dia de hoje a todos os pais mas em especial a todos aqueles que, apesar de o quererem tanto, têm sido impedidos de o ser. Desejo que os vossos filhos vos sejam devolvidos e que vos seja permitido amá-los e tê-los perto, que vos seja permitido estar presentes, ser segurança, afecto e compreensão. Desejo que os vossos filhos vos possam abraçar hoje e sempre e que todos os dias os possam ouvir dizer "gosto muito de ti papá".
Pensei muitas vezes se devia escrever sobre este assunto, em primeiro lugar porque é um assunto realmente pessoal e, em segundo lugar, porque a internet está cheia de textos maravilhosos sobre o mesmo, quase todos a apelar ao sentimento e a maioria das mulheres parece gostar que as mudanças no corpo decorrentes da gravidez sejam tratadas assim. Acontece que não é desta forma que me sinto e, portanto, não esperem nenhum texto particularmente lamechas onde diga que cada estria é uma marca de amor e outras coisas desse género.
Antes de engravidar fazia desporto. Não sendo realmente uma atleta o desporto que fazia servia para que me sentisse bem dentro do meu próprio corpo, as coisas estavam no lugar certo. Sempre achei que seria uma grávida que iria conseguir manter a actividade física mas a vida nunca corre como planeado e, logo desde cedo, com as complicações que foram aparecendo, fui forçada ao repouso. Depois do Pedro nascer as coisas também não foram simples e quando finalmente me senti apta a voltar aos treinos descobri que estava grávida outra vez. E se a primeira gravidez não foi fácil, esta tem batido todos os recordes de complicações. Posto isto estou parada, sem qualquer actividade física.
E quando olho para o espelho tenho muitas vezes vontade de chorar, custo a reconhecer-me ali. Apesar de continuar magra o meu corpo sofreu tantas mudanças que fica difícil aceitar que este agora é o corpo que me pertence. Contrariamente à maioria das mulheres, como já escrevi acima, eu não olho para as minhas maminhas descaídas e penso "não faz mal, são uma prova de que amamentei o meu filho"; na verdade eu olho para elas e penso "quem me dera ter dinheiro para ir fazer uma mamoplastia". E sim, já devem estar a chamar-me tudo a esta hora mas as coisas são como são. O corpo é importante para mim. Gostava quando o meu rabo era rijo em vez desta coisa que é agora, gostava de não ter celulite, gostava de ter abdominais em vez de barriguinha. Evidentemente não trocava o meu filho por nenhum corpo do mundo mas não posso dizer que aceito de cara alegre estas alterações todas.
No meu caso, para além de ter que aprender o papel de mãe, tive também que aprender a viver num corpo com o qual não me identifico e do qual não me orgulho. E se me custa escrever isto. O ano passado, pela primeira vez desde a infância, investi num fato de banho. São giros, estão na moda e, acima de tudo, tapam muito mais do que os biquinis que habitualmente usava. E mesmo assim, quando vejo as fotografias das férias de Verão, fico sempre um bocadinho triste porque, hey, de certeza que aquela sou eu?
E sim, sei que o mundo está cheio de super-mães que ostentam as suas mamas descaídas com orgulho e dizem que cada estria não é mais do que uma prova de amor incondicional. Sei que há mães que abraçaram orgulhosas os 20Kg que a gravidez lhes deixou de bónus e que se estao nas tinhas para estas coisas que até consideram superficiais. Mas lá está, eu não penso assim. Não olho orgulhosa para o espelho, não acho que estas alterações todas tenham sido maravilhosas (apesar de me terem trazido o melhor do mundo), nem acho que seja forçada a dizer que me sinto bem só porque sim, porque outras ficaram muito piores ou porque posso ferir susceptibilidades. Na verdade não estou confortável com o meu corpo, pronto. E deixem lá este nascer se querem ver o que é lutar com unhas e dentes para melhorar o que puder ser melhorado e começar a gostar mais de mim outra vez.
Em 1998 um médico inglês, pago por organizações anti-vacinas e com base num pseudo-estudo realizado com doze crianças, fez sair um artigo onde relacionava a inoculação de vacinas com o aparecimento de autismo e, desde aí, por muito que se tenha desmontado tudo o que vinha referido no artigo, quase letra a letra, nunca mais as coisas foram iguais. Houve meia-dúzias de "cães que agarraram o osso" e nunca mais o largaram, até hoje. E se seria de esperar que com o tempo o movimento anti-vacinas fosse sendo esmagado pelas evidências a verdade é que, contrariando toda a lógica, o movimento cresceu. Baseado em premissas falsas e aproveitando-se da ignorância de muitos (manipulada pela pseudo-inteligência de outros) temos o movimento mais forte do que nunca.
Reparem, Itália que é já ali ao lado, e é um país desenvolvido com um bom serviço nacional de saúde, teve 5006 casos de sarampo diagnosticados em 2017. Se isto não fosse tão assustador quase que dava para rir. E nós, aqui em Portugal, estamos igualmente em maus lençóis e, por muito que a Direcção-Geral de Saúde se esforce por acalmar as hostes, a verdade é que perdemos a imunidade de grupo uma vez que a percentagem de imunes ao sarampo baixou para cerca de 94%. Trocando por miúdos e não querendo lançar o pânico, esta perda de imunidade significa que não é possível prevenir uma epidemia. E olhem, não sei se é novidade para alguém mas... O sarampo mata.
Já uma vez escrevi isto e nem me vou dar ao trabalho de mudar uma única letra mas, num país como o nosso, onde o estado é quase uma figura parental, não faz nenhum sentido que as únicas vacinas legalmente obrigatórias sejam as do tétano e difteria. Se o estado me obriga a usar capacete sempre que me monto numa mota, sendo que a sua não utilização só me coloca em risco a mim própria que até sou maior de idade e consciente das minhas escolhas, como é que é possível que fique cego perante as dezenas (centenas?) de pais que recusam vacinar os filhos atentando assim contra a saúde pública? Caramba, juro que não entendo. Nenhum pai tem o direito de não vacinar os filhos, ponto. Seja porque os filhos também têm direitos seja porque os outros e os filhos dos outros são todos colocados em causa.
É urgente que se legisle. É preciso proteger-nos a todos. A VACINAÇÃO DEVE TORNAR-SE OBRIGATÓRIA, tal como o é a utilização do cinto de segurança, por exemplo (e acreditem que em termos de saúde pública, legislar sobre o cinto de segurança faz muito menos sentido). E lá porque meia dúzia de figuras mediáticas que, infelizmente, têm o poder de chegar a muita gente acha uma excelente ideia não vacinar isso não quer dizer que a ideia seja inteligente. Querem uma prova que a corrente anti-vacinas é ridícula? Um dos seus maiores defensores na América é Donald Trump. E com isto suponho que fique tudo dito. É uma corrente de maníacos, baseada em pressupostos falsos e mil vezes desmontados que se inicia num artigo desacreditado por toda a comunidade médica e que só faz sentido em cabecinhas desprovidas de conhecimento.
Há uma hora a Direcção-Geral de Saúde divulgava que já são sete o número de casos de sarampo confirmados no hospital de Santo António, no Porto. É aqui em Portugal, é connosco. Espero muito que isto fique por aqui mas, honestamente, enquanto não se legislar a sério duvido que se consiga travar a bola de neve.
Suponho que nenhum pai goste das visitas que todos somos forçados a fazer aos serviços de urgência pediátrica. O motivo óbvio é que se lá estamos é porque temos os putos doentes e isso é sempre uma treta. Ainda assim, depois de lá estarmos, tenho para mim que o melhor é ocuparmos a cabeça com qualquer coisa que nos permita ignorar os minutos intermináveis que passam entre a triagem e a chamada para observação médica. Na última vez que lá estive decidi ocupar o cérebro a analisar os outros pais e facilmente consegui agrupá-los em meia-dúzia de categorias básicas:
Os pais infecciologistas - Este grupo é composto pelos pais que se sentam numa ponta da sala e ficam super sérios a estudar atentamente os filhos dos outros e a tentar descobrir quais dos putos estão carregados de doenças altamente contagiosas que podem deixar os putos deles ainda piores. Os olhinhos deles vão varrendo tudo e muito discretamente tentam mover as suas crias para longe de todos os putos que lhes parecem poder ter varicela, escarlatina ou uma daquelas viroses que os deixa com diarreia e vómitos durante uma semana. Os filhos destes pais não interagem com outras crianças e, muitas vezes, são contidos no colo dos progenitores. Só não usam máscara porque têm vergonha e medo de passar pelos paranóicos que efectivamente são.
Os pais envergonhados - Estes pais são as típicas vítimas da capacidade magnífica que os putos têm de nos fazer passar por mentirosos. Explicando melhor, estão a ver aqueles putos que estão em recusa alimentar completa há uma semana e não abrem a boca a absolutamente nada levando os pais a um desespero tal que marcham com eles para o hospital? Pronto, habitualmente são estes os putos que quando chegam à triagem comem em trinta segundos o iogurte e o pacote de bolachas que lhes é oferecido e ficam a pedir mais no fim. Os pais destas crianças são vítimas dos próprios filhos mas, caso decidam abandonar o barco e marchar para casa, podem ter a certeza que a boca dos putos se vai cerrar assim que abandonarem a sala de espera e, por isso, resignam-se à vergonha e ali ficam, a amaldiçoar baixinho as crias. Habitualmente ostentam um sorriso amarelo no rosto e têm as mãos cruzadas sobre o peito.
Os pais impacientes - Ora neste grupo encontramos tipicamente homens que, sentados numa cadeira, olham para o relógio de dois em dois minutos na esperança nem sei bem de quê. Na cara deles pode ler-se claramente "cheguei aqui com o puto às quatro da tarde, daqui a quinze minutos começa o futebol e não há meio de me despacharem". Geralmente apresentam uma espécie de síndrome das pernas inquietas que vão tremendo na cadeira enquanto bufam para o ar. Não comunicam com os outros pais e, de vez em quando, lançam olhares ameaçadores aos próprios filhos que, pensam eles, se estivessem assim tão doentes não andavam ali a brincar de certeza.
Os pais dramáticos - Pois que pode haver dois putos com 42ºC de febre, um de perna partida e outro aflito para respirar mas o filho deles, com aquela conjuntivite, está claramente muito mais doente do que qualquer um dos outros e, portanto, a cor verde da pulseira que lhe atribuiram na triagem é absolutamente incompreensível. Este grupo de pais geralmente tem olhos de falcão e mal saímos com os nossos putos da triagem a vista deles crava-se no pulso dos nossos filhos para ver qual a cor da pulseira que receberam. Se por acaso a nossa pulseira é prioritária comparativamente à dos miúdos deles lançam para o ar um nada discreto "não consigo perceber". Habitualmente ostentam aquela expressão de "não sou eu quem está contra o mundo, é o mundo que está contra mim e contra o meu filho".
Os pais relações públicas - Estão a ver aquela noite em que o vosso filho dormiu zero porque teve sempre febre e, cereja no topo, ainda vomitou três vezes a cama toda? Estão a ver os vossos cansaço e mau-humor no dia seguinte? Pronto, estes pais não estão e, por isso, vão tentar socializar convosco como se a sala de espera fosse um qualquer café de bairro. É natural que vos perguntem a idade dos putos, o que vos levou à urgência, de onde são, com que idade os putos começaram a andar e se têm o plano nacional de vacinação em dia. É fácil identificar estes pais porque estão geralmente a encurralar alguma vítima que se limita a responder ao que lhe é perguntado na esperança de que a conversa termine por ali. Só que nunca termina. Os pais que são vítimas deste grupo geralmente suspiram de alívio (ainda mais do que os outros) quando o nome dos seus filhos soa no altifalante.
Os pais call center - Estes são os pais que conseguem passar as três horas de espera em constantes conversações telefónicas. Primeiro telefona a avó Irene a perguntar pelo menino, de seguida a tia Teresa, posteriormente o avô Joaquim e assim sucessivamente até chegar a um ponto em que os outros pais presentes já sabem mais sobre a doença daquele puto do que sobre a do seu próprio filho. Às vezes estes pais aparentam estar um bocadinho envergonhados mas, mesmo assim, há uma força qualquer que os impele a manter o som no telemóvel e a atender todas as chamadas de familiares preocupados com a criança. Habitualmente estão de pé, num dos cantos da sala.
Os pais redes sociais - Adoro este grupo, confesso mas, na verdade, nem sei bem do que gosto mais. Por um lado há todo o trabalho de tirar uma selfie com os putos ao colo e um ar de exaustão. Podem ter que fazer várias tentativas (o que tem como aspecto positivo o facto dos miúdos terem um ar cada vez mais cansado e doente) até atingirem a perfeição desejada. Depois há sempre a fotografia da pulseirinha. A legenda da fotografia é invariavelmente qualquer coisa como "a desesperar há duas horas #quemmederaquefosseeu #amordamãe #tudoporti #coraçãoforadopeito". Depois da publicação feita deixam os putos brincar e ficam a responder aos comentários dos amigos preocupados que querem saber afinal o que é que se passa. É uma forma de passar o tempo quase tão boa como outra qualquer (#sóquenão).
E pronto, assim de repente acho que foram estes os principais tipos de pais que encontrei na minha última visita. Se conhecerem mais grupos façam o favor de partilhar aqui ou no Facebook. E para o caso de quererem saber, o meu grupo é o primeiro (ainda que o puto já me tenha feito também integrar o segundo).