Para as pessoas que não dormem os dias são todos iguais e saber se é Segunda ou Terça-feira é uma espécie de pormenor irrelevante. Além disso confesso que tinha saudades desta rubrica e, portanto, só assim naquela de não ressacar, e não havendo tempo para mais, espero que aceitem uma espécie de "mini edição" em modo mixórdia. Escolhi quatro posts aleatórios, sem qualquer relação entre si que não o facto de todos colocarem uma dúvida, e decidi responder com o meu costumeiro bonito modo (que a exaustão só aguça). E antes que comecem a chover ofensas aviso já que quem não quer ser lobo não lhe pode vestir a pele o que, neste caso concreto, é equivalente a um "deixem-se de cagadas em grupos abertos onde estão milhares de pessoas". Vá, vamos a isso.
1. Olá meninas, estou preocupada. Viemos agora da consulta dos três meses e o meu X., apesar de estar a aumentar bem de peso, já encolheu 10cm desde o nascimento. A que acham que se pode dever isto?
Pois, eu queria gozar com a situação mas não posso. E sabem porquê? Porque eu própria me debato com este dilema inúmeras vezes. Ainda há duas ou três semanas foi com a forra de um colchão. Não é que enfiei com aquilo na máquina a 60 graus e agora não cabe lá a parte da esponja dentro de maneira nenhuma? Já puxei, já estiquei, já fiz trinta por uma linha e nada resultou. Encolheu, está encolhido. E isto é tão recorrente na minha vida que me sinto absolutamente apta para responder à questão colocada: o puto encolheu porque a pessoa não olhou para a etiqueta e anda a programar as lavagens para uma temperatura demasiado elevada. A ver se aprende a lição e, para a próxima, se limita ao programa dos 30ºC.
2. Boa tarde mamãs. O meu filho mais velho, de quase sete anos, anda impossível. Faz imensas birras, nunca quer comer e, pior de tudo, está sempre a levantar a mão a toda a gente. Será um pico de crescimento?
Não sei se é da maternidade recente mas sinto-me estupidamente empática hoje. É que nem imaginam como eu percebo que a pessoa já use profilaticamente o pico de crescimento na pergunta, uma vez que é a resposta dada a cerca de 90% das questões colocadas em grupos de maternidade. E se a coisa até pode ser verdade também é irritante para burro. Às vezes uma pessoa só quer sentir solidariedade e ouvir coisas animadoras do tipo "também tenho um monstro desses cá em casa". Mas não, há sempre alguém que vem falar no pico de crescimento e dizer que temos que ter imensa paciência, imenso amor e imenso espírito de sacrifício. Pronto, em relação à pergunta em concreto não sei responder porque não faço ideia até que idade os picos são uma realidade. Mas conheço homens de trinta anos que ainda estão em claras dificuldades na adaptação à vida extra-uterina, por isso...
3. Migas, ontem fui à cabeleireira para dar um corte no cabelo e ela avisou-me que estando eu grávida cortar o cabelo podia não ser bom. A coisa estranha é que quando perguntei porquê ela só encolheu os ombros e não me quis esclarecer. Olhem, fiquei com medo e acabei por não cortar. Vocês sabem alguma coisa sobre isto? Já ouvi histórias que a minha cabeleireira tem "poderes"...
Sobre poderes sei poucochinho mas sobre más cabeleireiras? Uiiii, tenho praticamente um curso tirado. Agora a sério, essa nem para ela é boa caramba. Com a vida difícil como está e vai-se meter a perder trabalho assim? Lá porque a criança podia vir com um terceiro olho, com pêlo nas costas ou ficar entalada pelos tornozelos a pessoa vai recusar um cortezinho? E que cabeleireira é que recusa cortar cabelo? Isso existe mesmo? Credo. Olhe, eu vou ao salão da Bete, quer que lhe envie o contacto? Ela corta a grávidas na boa e tem o poder espectacular de me deixar cada vez mais pobre. Acha que serve?
4. Pergunto por mera curiosidade mas imaginem que sendo vocês brancas e tendo dormido com alguém de raça africana, qual a probabilidade do bebé nascer branco como vocês?
Miga sua lôca, cê dormiu com o négão e agora tá com medo né? Pois pá, a Mãe Imperfeita não brinca em serviço e foi espreitar o teu perfil. E viu o teu marido que é primo do Gasparzinho. Posto isto ou a dúvida é para ajudar "uma prima" ou estás borradinha que o puto te saia mulato, né? Por acaso há uns tempos contaram-me uma anedota que era mais ou menos assim:
Uma mulher grávida acorda o marido a meio da noite e diz que está com um desejo incontrolável de comer carne de urubu. O marido, chocado, responde que na Europa não se comem dessas coisas, que é um desejo impraticável e pede-lhe que volte a adormecer. Meses mais tarde nasce um bebé mulatinho e, ao ser questionada sobre o assunto, a esposa diz "olha, estás lembrado de quando te pedi carne de urubu e não me deste? Agora o menino nasceu escurinho". O homem ficou a pensar naquilo e decidiu pedir ajuda à própria mãe acabando por lhe perguntar se ela achava possível ao que a mãe prontamente acedeu dizendo "sabes filho quando estava grávida de ti tive muita vontade de comer carne de boi e o teu pai sempre a ignorou. Foi por isso que nasceste corno!".
Pronto, chega. Isto está a descambar. É de não dormir, desculpem. Prometo que vai melhorar.
Ora bem, arranca mais uma semaninha que, para alguns, já será de férias (ou seja lá como for que se chamam aquelas semanas em que as pessoas com filhos pequenos não têm que comparecer aos respectivos empregos). Hoje isto vai ser um bocadinho diferente do habitual porque, em vez das habituais dúvidas e respectivas respostas, vou antes discorrer sobre mais um flagelo, desta feita em "forma visual", que assola os grupos de mães no Facebook - e com tantos flagelos não sei como é que estes grupos ainda sobrevivem, acreditem. Se estão curiosas aviso-vos já que é melhor não criarem grandes expectativas porque o tema é básico, absolutamente primário e transversal a tudo o que é grupo onde convive muito mulherio. Senhoras e senhoras, para hoje "um workshop sobre fotografia".
Antes de continuar deixem-me só deixar um aviso à população masculina que pode estar a ler isto: vocês não vão querer ler o próximo parágrafo, acreditem. A vossa consideração pelo sexo feminino corre o risco de cair a pique e, portanto, aconselho-vos a engatar a marcha atrás e retroceder agora mesmo ou, se preferirem, a meter a quinta e saltar já para os dois parágrafos finais. Se decidirem prosseguir e nunca mais olharem para as mulheres da mesma forma não digam que não tiveram aviso prévio.
Agora que já estão os pontos colocados nos "i's" vamos lá então começar a sério. E não podia ser outro o início que não a porcaria das fotografias de fluídos internos que abundam nestes grupos, particularmente nos de grávidas. Não há um dia em que não haja uma alminha que não publique uma fotografia de umas cuequinhas cheias de uma porcaria qualquer nojenta e pergunte "ninas, acham que isto é o rolhão mucoso a sair?" ou, noutra versão, "este corrimento será normal ou terei uma infecção?". Epá, façam um favor ao mundo e deixem-se desta merdice, por favor. Aliás, destas merdices, porque o chamar "nina" é mais uma desgraça desta vida. Continuando... Ninguém, mas reparem bem que é mesmo ninguém, nem sequer o vosso marido/namorado, quer ver as coisas que vos saem do pipi. E as outras mulheres do grupo não fizeram mal a ninguém para serem castigadas desta maneira. Caramba, tenham lá piedade do mundo e guardem as vossas entranhas para vocês mesmas, sim? Esta semana então vi uma fotografia que era tudo de bom... Não querendo ser demasiado específica mas já sendo posso informar que uma alminha grávida de vinte e poucas semanas decidiu raspar a cuequinha com a unha e fotografar a boa da unhaca impregnada em corrimento sendo que acompanhava a fotografia com a pergunta "pelo cheiro não me parece nada mas pela consistência e cor o que é que vocês acham?". Epááááá. Eu honestamente acho que a pessoa tem uma infecção, só que não é genital, é cerebral. E também acho que os obstetras cobram 80€ por consulta por um bom motivo. A sério, muito a sério, não façam isso. Não fotografem. Não publiquem. Não perguntem. Têm dúvidas? Vão ao médico. Mas ploamordasanta guardem os vossos fluídos para vocês próprias. Ninguém mais os quer ver. Juro.
Pronto, parece que até fiquei mais aliviada só por escrever isto. Tenho aquela sensação que acabei de dar um contributo super positivo ao mundo ou sei lá. E vou agora dar o segundo contributo do dia sendo que este é demasiado sério e quase merecia uma publicação só para ele, num tom diferente desta crónica das Segundas-feiras mas... Já que a mãe imperfeita está com a "mão na massa", cá vai. Ora expliquem-me lá o que é que vos passa pela cabeça quando publicam fotografias dos vossos filhos nus com os genitais completamente expostos? Vocês por acaso conhecem pessoalmente todas as participantes no grupo? Têm a certeza que entre aquelas mil mulheres não existe um único perfil falso? Gostam de dar alpista a canários? E ração a pedófilos? Honestamente não me choca que partilhem fotografias dos filhos até porque, se olharmos para as estatíticas, facilmente percebemos que a maioria dos crimes perpetrados contra crianças são praticados por pessoas que lhes são próximas no dia-a-dia mas epá... Fotografias dos miúdos despidos? Com exposição clara da genitália? Não me lixem... Seja para mostrar a assadura do rabinho e pedir um conselho sobre pomadas, seja para fazer uma piadinha parva a verdade é que os grupos estão cheios de fotografias deste género. E a pergunta que se impõe é onde andam as moderadoras dos mesmos? É eliminar estas publicações o mais rapidamente possível, sempre e independentemente da circunstância. Crianças despidas na internet? Não, obrigada. Denunciem se for preciso mas não sejam coniventes. É bom para todos. Se não formos nós a zelar pela segurança dos nossos filhos, estamos à espera que seja quem a fazê-lo?
Enfim, para a semana prometo que voltamos a um registo mais leve e arejado, adequado ao modo silly season. Mas andava com estas duas aqui entaladas e tive que as soltar, desculpem lá qualquer coisinha.
Quando uma mulher aborta há sempre uma mãe que perde o filho sonhado. Se, no início, aqueles dois risquinhos têm o poder de fazer o mundo tremer também é verdade que, nesse mesmo instante, a ideia do filho começa a construir-se. E não importa se a mulher está grávida de seis, onze ou dezoito semanas quando descobre a gravidez. Porque logo ali, mesmo que com medo ou surpresa, há qualquer coisa que começa a mudar, que começa a crescer devagarinho. A semente é plantada e a mulher, que agora já é um bocadinho mãe, começa a sonhar com a flor.
Quando esse sonho é arrancado, o que menos importa é o número de dias que durou. Porque o sonho esteve lá, foi-lhe dado. Quando uma mãe perde um filho não pensa que perdeu um conjunto de células que estava a começar a diferenciar-se como algumas pessoas insistem em afirmar com a expressão "isso ainda não era nada". Para a mulher o "isso" era o começo do filho e, por essa razão, era demasiado para ser perdido. Não importa em que estadio de desenvolvimento esteja o sonho. Aquele sonho seria um dia um filho amado.
E nenhum filho é menos amado por ser diferente e, portanto, quando alguém diz que "a natureza sabe o que faz" a mulher só encolhe os ombros. A natureza não lhe traz consolo. A natureza também mata milhares de pessoas em terramotos, tsunamis e outras catástrofes naturais. A natureza que lhe permitiu engravidar também lhe roubou o filho sonhado e, por isso, a mulher que não pôde ser mãe, não acredita nem um bocadinho que ela saiba o que faça.
Muitas vezes depois de uma perda nem se respeita o luto e o tempo para o sofrimento e há quem comece logo a dizer "depois fazes outro, pronto". Não percebem que o outro, o novo, não substitui o primeiro porque já vai ser outro sonho, um sonho diferente, um sonho sonhado mais a medo. Não percebem que aquele que se perdeu, aquele que a mãe perdeu, já era único para ela e, mesmo sem ninguém dar por isso, já lhe tinha roubado uma parte do coração que não volta.
As pessoas falam, precisam de falar. A intenção é boa na maioria das vezes. Querem animar a mulher, dar-lhe esperança. Mas ela não precisa de frases feitas. Ela precisa de chorar, precisa de tempo para guardar o filho sonhado num cantinho para sempre. E talvez precise de um abraço e de um "estou aqui". Só isso, sem mais palavras. Só isso chega. O sonho sonhado, esse, nunca chegará.
*Dedicado à Inês
** Imagem retirada do Google
*** Texto originalmente publicado na página de Facebook "a mãe imperfeita" mas que decidi, também, deixar aqui.
Hoje li um artigo muito inflamado sobre violência obstétrica. A autora, que trabalha com grávidas e puérperas, dizia sem contemplações que as mulheres têm que impedir a continuidade deste flagelo, que é urgente que as mulheres digam não e impeçam estas práticas violentas e arcaicas. E não podendo discordar de que urge colocar um ponto final nisto sou obrigada a discordar, mas discordar a sério, na parte em que se empurra para a mulher a maioria da responsabilidade.
É sempre muito fácil opinarmos quando estamos por fora, apontar o dedo e dizer "ela devia ter impedido isto", mas quando nos calha a nós acreditem que fica tudo mil vezes mais difícil. No parto do Pedro, quando as coisas realmente complicaram e depois da terceira tentativa de ventosa sem sucesso, um dos médicos presentes decidiu realizar a manobra de Kristeller (basicamente o médico subiu a um banco e aplicou uma força desmedida e brutal na parte superior do meu útero com os cotovelos). E porra para mim se alguma vez tinha sentido uma dor como aquela (mesmo estando sem epidural nem as ventosas nem posteriormente os fórceps me custaram tanto). Juro que foi a única altura em que realmente gemi, e só não gritei porque já não tinha forças. Mas naquele momento, com o coração do bebé a bater muito mais devagar do que seria suposto, no meio da maior agonia da minha vida, a única coisa que eu queria era que o meu filho saísse de dentro de mim nem que para isso tivessem que rebentar-me no caminho. Garanto-vos que naquele momento, no meio daquela dor excruciante, nunca me ocorreu mandar o médico parar. Pela simples razão que querer o Pedro vivo e bem se sobrepôs a tudo.
A manobra não resultou. A incompatibilidade feto-pélvica era demasiado grande e não havia como fazer passar um bebé tão grande por um arco púbico como o meu. Fomos para cesariana emergente. A manobra serviu de zero e, olhando agora, era sabido à partida que nunca poderia resultar. Foi em desespero sim e foi desnecessária. Já em casa era-me impossível virar na cama, não conseguia sentar-me sem dor. Acabei por ser forçada a recorrer a um hospital, a fazer uma radiografia e posteriormente percebeu-se que havia costelas fissuradas.
Mas no meio disto tudo tenho a certeza que se me apanhar numa situação idêntica volto a suportar tudo, simplesmente porque naquele momento a minha dor é a que menos dói. E é por isso que gostava que se parasse de apelar às mulheres e se começasse a apelar a quem realmente aplica estas práticas: médicos e enfermeiros obstetras. É a eles que nos devemos dirigir, é para eles (ou para alguns deles) que os textos inflamados devem ser escritos. Nunca a mulher violentada pode ser considerada culpada pela violência que sofreu no momento mais animal e desesperante da sua vida.
Sobre a manobra de Kristeller a Organização Mundial de Saúde já emitiu pareceres e recomendações, sempre desaconselhando a mesma mas em Portugal, infelizmente, continua a ser uma prática estupidamente comum. Não deveria ser. Mas a culpa não é da mulher. A CULPA NUNCA É DA MULHER. É por isso que não faz sentido que se empurre para ela a responsabilidade de impedir esta prática. Não façam com que a mulher se sinta uma merda por não ter conseguido levantar a voz e dizer "senhor doutor tire lá os cotovelos de cima da minha barriga" quando a única coisa que ela consegue ouvir é o coração do bebé que cada vez bate de forma mais lenta. Não façam com que a mulher se sinta responsável pelos maus tratos que sofreu naquele que se quer como um dos momentos mais felizes de uma vida. Não façam com que a mulher se culpe porque alguém foi violento com ela.
Falemos de violência obstétrica. É urgente e muito necessário. Mas deixemo-nos de discursos acusatórios que responsabilizam quem tem menos culpa. Chamemos os bois pelos nomes e apontemos o dedo a quem de direito. Que o tema venha à rua, que as mulheres percam o medo de falar. Mas que nunca se sintam culpadas. Não é esse o caminho. Nunca poderá ser.
[INFORMAÇÃO À NAVEGAÇÃO: A semana passada levei uma "descompostura" depois da publicação do post de Segunda-feira. Que não era bonito gozar com as outras pessoas, que o humor tem limites, que não fazia ideia de qual a condição de quem escrevia estas coisas... Confesso que não tenho grande vontade de me desculpar por várias razões. Em primeiro lugar tenho sempre o cuidado de não colocar prints pelo que se torna impossível chegar aos grupos ou autores das publicações originais e, desta forma, a privacidade dos mesmos está sempre absolutamente assegurada. Outra razão é porque sou quase sempre forçada a modificar um bocadinho as postagens originais (e sim, por culpa do português de quem as publica inicialmente que, muitas vezes, é quase imperceptível). Quanto à condição de quem escreve estas coisas epá... Quem tem acesso à internet, mesmo que tenha uma escolaridade muito baixa, tem acesso a uma ferramenta chamada Google; o porquê de não a usar é uma coisa que me transcende em larga escala. Por último, isto é a internet, é global. Quando se publica seja o que for aqui tem que pensar-se que pode ser lido por milhares de pessoas. Quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele, ora essa. Posto isto vou continuar com a publicação das Segundas-feiras. Quem não gostar que coma só as batatas. De preferência a murro.]
Ora bem, depois desta (desnecessária) introdução vamos ao que interessa. Hoje vamos abordar um tema que podia fazer algum sentido no tempo das nossas avós mas que, actualmente, é só uma parvoíce. Seria de pensar que a informação disponível servisse para acabar com certos mitos mas, na verdade, alguns deles parecem ter cada vez mais força. E são tão parvos mas tão parvos que, por muito que se queira, não dá mesmo para justificar as crenças geradas. Seguimos para bingo.
Tema de hoje: Afinal sou a minha avó
1. Olá a todas, hoje foi dia da consulta dos 12m do M. Se no peso a coisa até vai andando nem imaginam no comprimento. Continua abaixo do percentil mais baixo de todos, é um verdadeiro pigmeu. Nem eu nem o meu marido somos assim muito baixinhos por isso não sei mesmo o que justifica isto, é quase como se o miúdo não fosse capaz de crescer. Até perguntei à médica se havia alguma hipótese dele ser anão (eu sei que pode parecer parvo mas às tantas sei lá) e ela disse que não, que as proporções dele estavam bem, era mesmo só pequenino. Mas é que é tãooooo pequenino... =( Enfim, desculpem o desabafo.
E pronto, a esta hora vocês pensam: ó mãe imperfeita, qual é o mal desta publicação? E eu respondo: nenhum! Na verdade é uma publicação muito normal nestes grupos, uma espécie de desabafo de uma mãe preocupada e que nunca aqui viria parar se, no grupo onde foi publicado, não tivesse levado a seguinte resposta:
"Mamã, desculpe fazer esta pergunta mas... Como é que dá banho ao seu filho?"
Ora a mãe da dúvida inicial respondeu qualquer coisa como "não estou a perceber bem onde quer chegar mas habitualmente dou na banheira e uso os produtos da Dove de bebé". Como resposta ganhou o seguinte:
"Lol. Não era bem isso que estava a perguntar. Os produtos e onde dá banho não interessam para nada. É a forma como dá o banho que conta. Sempre se ouviu o ditado "se queres que o teu filho cresça lava-lhe o rabo antes da cabeça" e há muitas mamãs que não sabem disto e lavam a cabeça dos bebés primeiro. Está errado porque impede-os de crescerem. Veja se não será esse o seu caso. Até pode ser que ainda dê para corrigir".
E pronto, foi aqui que desmaiei. Não consegui continuar a acompanhar o diálogo (até porque não pertenço ao grupo e o print que me mandaram acabava aqui) mas muito gostava eu de saber o que é que a mãe do bebé baixote respondeu. Espero, espero mesmo, que se tenha só desmanchado a rir e não tenha alimentado esta parvoíce. Estamos em 2018, metade do ano já está virada, e ainda há pessoas que acreditam mesmo que se lavarem o rabo antes da cabeça os miúdos crescem mais? O que é que se passa com o mundo? A mim parece-me só esquisito lavar primeiro o rabo, no caso do meu filho é sempre o que deixo para o fim porque parece-me mais higiénico começar por lavar o mais limpo (sou enfermeira, sorry). Se me debruçar bem sobre o assunto até percebo que na banheira está tudo de molho ao mesmo tempo mas sei lá... Agora acreditar que lavando o rabo no início os ossos esticam mais... De qualquer forma, baixinhas deste Portugal, tentar não custa nada, em calhando andam vocês cheias de dores nas costas por andarem sempre montadas em saltos de 12cm e, afinal, é tudo uma questão de trocarem a ordem do banho. Vá, agora já sabem, rabinho primeiro. Depois venham cá contar quantos centímetros a mais ganharam no fémur. (E ainda o meu marido diz que comigo não se aprende nada...)
2. Mamãs venho aqui deixar um alerta. Às vezes gozamos com os antigos e não acreditamos nas coisas que nos dizem mas durante a gravidez do meu Santiago estava a comer um pêssego e caiu-me o caroço mesmo em cima da barriga. O menino não tinha ainda dado a volta. Nasceu com uma marca vermelha na testa, por cima do olho direito, que é IGUALZINHA ao caroço que me caiu. Deixo a todas o conselho de quem tenham cuidado e não brinquem com estas coisas porque eu o meu filho somos a prova que são verdadeiras.
Ora bem, começar por onde? Pelo facto deste puto ter nascido com um hemangioma (como milhares de outros putos) e a mãe achar que foi o caroço do pêssego o responsável? Cá a ver, a maioria dos hemangiomas desaparece até aos cinco anos de idade mais coisa menos coisa; se o deste puto desaparecer qual será a justificação da mãe? Dirá que foi por ter andado a lavar a cara do puto com água benta trazida directamente da capelinha das aparições ou atribuirá o milagre a uma senhora que conhece, sétima filha mulher de uma amiga da avó que, como toda a gente sabe, sendo a sétima nasceu bruxa? Não percebo estas coisas. Percebia se fossem ditas pela minha avó que tinha uma baixa escolaridade e toda a vida cresceu num ambiente rural onde o conhecimento estava completamente vedado às mulheres. Não aceito que venha de mulheres de vinte e tal anos. E ainda por cima depois enfiam com estas merdas nestes grupos onde, com um bocadinho de azar, ainda dão cabo do miolo a mais uma ou duas que começam a acreditar que a mancha que o filho tem na perna deriva de um caroço de azeitona ou que a marca no braço do menino é culpa de um molho de coentros. Com tanta merda que as mães já arranjam para se culpar só falta mesmo começarem a massacrar-se pelas manchas e sinais com que os putos nascem. Haja Deus. E cérebros. Haja cérebros.
3. Gravidinhas, ando aqui com uma coisa "encanitada". Tenho sofrido horrores com azia durante a gravidez e toda a gente me diz que a minha menina agora há-de nascer cheia de pêlos nas costas. Acham que pode ser possível?
Gravidinha (arrepio na espinha), queres ouvir uma história real? Na gravidez do meu filho mais velho transformei-me no Dracarys (se não sabes o que é vai ver a Guerra dos Tronos que também não posso estar sempre a explicar tudo). Desconfio que o fogo na minha garganta era coisa para queimar cidades inteiras. Não sei quantos litros de leite gelado bebia todas as noites para tentar apaziguar a porra da azia mas acredita que eram muitos. Comi amêndoas peladas aos molhos. Arrotei que nem um camionista depois de uma tachada de mão de vaca com grão. Dormi praticamente sentada. E o puto nasceu em careca. Pêlos no corpo? Mais ou menos zero. E não, não sou a excepção que confirma a regra. Conheço milhentas mulheres que tiveram toneladas de azia e pariram nenucos, podes estar sossegada. Ah, e caso a miúda nasça com lanugo respira fundo que aquilo cai tudo num instantinho. "Desencanita-te". De nada.
4. Se calhar esta publicação pode ser motivo de gozo para algumas mas a minha bebé nasceu há quatro dias, viemos ontem para casa. No hospital obrigaram-me a lavar depois do parto mas a minha mãe está sempre a dizer-me que é melhor não me lavar agora durante uns dias porque pode atrasar a recuperação e eu sinto-me tão fraca que nem sei bem se isto tem algum fundo de verdade. O que é que vocês acham?
A mãe imperfeita acha que todas devemos agradecer ao altíssimo o facto da internet não ter cheiro. E não consegue achar mais nada. Ou melhor, até consegue. Consegue achar que o teu obstetra é capaz de se apagar quando fores à revisão pós-parto. Mas também olha, quem cobra quase cem euros por consulta tem mais é que se sujeitar.
5. Olhem lá, alguma de vocês já ouviu dizer que se soprarmos na cabeça dos nossos maridos enquanto eles estão a dormir os nossos enjoos passam para eles?
Como é que eu só ouço falar disto agora? Ando há 34 semanas a toque de nausefe, sempre a dormir ao lado do pai imperfeito e ainda ninguém me tinha dito que bastava soprar? É óbvio que eu não sou cabra nenhuma e não ia andar a soprar todos os dias mas epá... Pelo menos duas ou três vezes por semana sempre me tinham aliviado qualquer coisinha. Sabem lá vocês o peso que perdi no primeiro trimestre. Além disso, apesar de não sermos oficialmente casados, como eu carrego os filhos dele também vale aquela cena do "dividir as tristezas e os enjoos, multiplicar as alegrias" (posso ter acrescentado a parte dos enjoos agora mesmo mas vá). Enfim, acho nojento haver mulheres que sabem estas coisas e não serem capazes de partilhar com as outras todas. Cadelonas.
6. Bem minhas queridas, vamos a mais um mês de tentativas. Depois do período fértil calculado estou inclinada a tentar outra coisa... Uma amiga disse-me que engravidou na vez em que depois de fazer amor fez o pino porque, segundo ela, o esperma assim escorreu todo para dentro. Como sabem ando a tentar há quase um ano e já estou por tudo...
Eu percebo que seja uma merda querer engravidar e não conseguir mas sou da opinião que, independentemente da circunstância lixada que estejamos a atravessar, não nos devemos esquecer que temos um cérebro que serve, essencialmente, para ser usado. Posto isto o meu conselho é que opte por uma variante e faça o pino enquanto faz o amor. Pessoalmente nunca experimentei mas sabe-se lá se não é bom... Em termos logísticos pode não ser fácil mas, com um bocadinho de esforço, tudo se consegue. Entretanto se sentir a cara a ficar muito quente não se preocupe, é capaz de ser o sangue a "subir à cabeça" o que até é capaz de ser uma vantagem: sempre lhe irriga o cérebro e pode ser que lhe leve embora estas ideias de merda.