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A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

21
Mar18

As mães dos filhos que não comem

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Há, no grande grupo das mães, uma parcela delas a quem me parece digno entregar o título de super-mães. E não, não são as mães que se levantam às cinco da manhã para fazer sopinhas frescas todos os dias nem as que lutam bravamente contra o açúcar e se desdobram em alternativas culinárias. São as outras, aquelas que em desespero juntaram duas colheres de papa no biberão do leite do bebé de três meses, as que aos cinco meses experimentaram dar Nestum, e que aos seis meses já metiam sal na sopa. As que, na aflição de verem os filhos sem comer, deixaram de olhar para rótulos e começaram a ceder na tentativa desesperada de fazer com que os filhos, efectivamente, comessem alguma coisa.

 

Isto na teoria somos todos uns pais muito completos, essa é que é a verdade. Se fosse o nosso filho a não comer a gente deixava-o com fome e haviam de ver se, às tantas, ele não abria a boca à sopinha com toda a satisfação. Só que isto é a teoria ou, quanto muito, é aplicável na prática a miúdos que geralmente comem bem e que, por qualquer motivo, estão em dia não no que à comida diz respeito. Experimentem lá ter um que passa bem sem uma, duas, três, quatro refeições. Experimentem lá ter um que passa lindamente com 100ml de leite num dia inteiro e depois venham para cá com ensinamentos. Quando os putos não comem nada até o pino à parede vale fazer. Há música, televisão, tablet, teatro, mãe, pai. Há o que for preciso para que o puto abra a boca e cada colher é uma vitória.

 

Cá por casa a criança come habitualmente bem e, excepto por duas semanas no início de Fevereiro, nunca houve problemas de maior. Mas só essas duas semanas chegaram para me fazer perceber a força que é preciso para lidar com um filho que não come. No caso do Pedro essas duas semanas culminaram na erupção de um pré-molar e no diagnóstico de uma otite mas só vos digo, foram duas semanas do caraças. Sopa era para esquecer, o segundo prato, independentemente de ser um dos favoritos dele, ficava praticamente intocado e lá iam valendo os bocadinhos de fruta que por vezes aceitava. Se no primeiro e no segundo dia relevei um bocado, ao terceiro dia já estava em desespero. Tinha que fazer um esforço desgraçado para não chorar de cada vez que terminava mais uma refeição "a zeros". Já fazia contas de cabeça à perda de pesa e à curva de percentil. Agora imaginem quem passa por isto todos os dias...

 

Há mães que todos os dias enfrentam num stress mal disfarçado as horas das refeições, há mães que todos os dias puxam pela cabeça na tentativa de agradar e acabam quase sempre com as expectativas frustradas porque nem assim a coisa foi, há mães que vêem os números que a balança marca de coração apertado, há mães que só querem que os filhos comam e pouco lhes importa que seja uma açorda, uma feijoada, uma papa industrial ou um biberão de leite. Essas mães merecem todo o respeito do mundo mas, muitas vezes, ainda são criticadas por não seguirem os preceitos dietéticos da moda. Quem as critica não sabe, certamente, o que é o desespero de ter um filho que não come. Essas mães deviam levantar as mãozinhas ao céu e agradecer todos os dias a sorte que têm. As outras lá vão andando, todos os dias na luta, cada colher uma vitória. A força e persistência nem elas sabem onde a vão buscar.

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