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A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

23
Mar18

Deixem os miúdos em casa

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Gosto muito de crianças, sempre gostei. Reparem, eu própria ainda era uma criança quando nasceu o meu primeiro sobrinho e, à medida que os anos foram passando, os sobrinhos foram continuando a aparecer. Basicamente nunca me lembro de viver sem ter crianças por perto. Em 2016 fui mãe pela primeira vez e este ano repito a dose. Posto isto as crianças são e sempre foram uma parte integrante da minha vida. Gosto delas e elas, habitualmente, gostam de mim. E é exactamente por este motivo que acho que as devemos deixar ficar em casa numa grande variedade de situações. Os pais querem ir jantar fora a um restaurante um bocadinho mais "à frente"? Deixem os putos nos avós. Os pais querem ir ao cinema, a um concerto ou a um recital de poesia? Deixem os putos com os tios. As mães querem ir a uma reunião, a um workshop ou a uma apresentação? Deixem os putos em casa com os pais.

 

Antes que me comecem já a rogar pragas, eu explico. A maioria dessas situações não são divertidas para os miúdos, antes pelo contrário. Eles ficam fartos, aborrecidos, forçados a estar ali contidos. E toda a gente sabe que, muitas vezes, é exactamente nestas situações que eles ligam o "botão da asneira". Acreditem que eles ficam mil vezes mais satisfeitos a jantar em casa dos avós, com aquelas batatinhas fritas caseiras e aquela mousse de chocolate maravilhosa, do que enfiados num restaurante onde não podem dar um pio. Em casa dos avós, dos tios ou de quem seja, eles são assim uma espécie de pequenos reis que vêem as suas vontades prontamente atendidas e recebem mimo sem fim; nos restaurantes, recitais e workshops são só a figura que é preciso manter controlada e dominada para que não incomode os outros todos e acabe por desestabilizar o ambiente inteiro. É por isso que eu, mãe imperfeita, sou absolutamente a favor de poupar as crianças e de nos poupar a nós próprios de certas e determinadas situações cheias de potencial para se tornarem altamente stressantes para todos os envolvidos.

 

Agora digam-me lá "nem todos temos avós ou tios disponíveis e, na grande maioria das vezes, não temos com quem deixar os miúdos; queres que fiquemos encerrados em casa?". Pronto, tudo certo. Em primeiro lugar lembrar que há imensos locais e imensos programas para famílias e, por isso, com um bocadinho de boa vontade dá para não ganhar bolor em casa e não ganhar uma úlcera no estomâgo a tentar controlar os putos em "ambientes adversos". Em segundo lugar sim, eu percebo que, muitas vezes, não haja alternativa e as crianças acabem mesmo por ter que ir a tiracolo com os pais. Mas nesse caso, mães e pais deste país, tenham por favor em atenção que a liberdade dos vossos filhos acaba onde começa a liberdade dos outros (adoro, adoro um bom chavão). Não há nada que rebente mais os nervos das pessoas do que estarem em qualquer lado e levarem com um miúdo irritado, aos gritos, a colidir com cadeiras, a saltar por todo o lado e depois, quando se olha para os paizinhos, eles lá estão, a agir como se não fosse nada com eles, com o ar seráfico de quem tem toda a calma do mundo.

 

Epá, não. Não pode ser. As coisas estão a correr mal, os miúdos estão a incomodar as pessoas? Os senhores paizinhos têm que levantar o rabo da cadeira e meter os pontos nos i's. Se forem contra a bela da nalgada calmante (eu não sou mas respeito quem seja) então que vão com as crias à rua apanhar um arzinho e voltem a entrar só quando elas já estiverem capazes de não rebentar com os neurónios de metade das pessoas no espaço. Se ainda assim não resultar olhem, tenho pena mas... Caminho de casa que se faz tarde. Há poucas coisas piores do que estar num espaço onde se pagou e não poder desfrutar porque os filhos dos outros estão possuídos por satanás e os paizinhos cheios de calma ligaram o botão de ignorar. Reparem que não falo de espaços próprios para crianças, aí temos muita pena, quem lá está sabia bem ao que ia, azareco. Falo de espaços mais específicos, mais restritos, onde crianças em pico de mau comportamento podem realmente incomodar. Quem de nós nunca teve vontade de esbugalhar os olhos a um puto mal-comportado? Agora é lembrarmo-nos que esse puto pode ser o nosso filho e pensar que a responsabilidade é toda nossa. Olhem, que bem que se está em casa.

 

 

* Imagem retirada do Google

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