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A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

04
Out18

Educação queque

 

Educação Queque.jpg

 

Parou tudo. Parou tudo porque a queridíssima Paula Bobobe, pessoa que costuma comparecer a eventos sociais mascarada de urubu embalsamado e que normalmente escreve livros sobre as dez maneiras mais elegantes de dobrar guardanapos, tem agora nas livrarias um verdadeiro manual sobre a melhor forma de educar as pulguentas das nossas criancinhas. Confesso que depois do último livro desta autora, intitulado domesticália e onde se ensina o patronato a lidar com a criadagem, estou agora mortinha para ver o que é que a pessoa tem para dizer sobre a maternidade. E enquanto não arranjo tempo para comprar a obra vou analisando os excertos que a Sábado nos mostra hoje.

 

 

No capítulo 3 

"Alguns pais desempenham o papel das mães, adormecem os filhos, ouvem os problemas da escola e outros assuntos pessoais."

Ai Paulinha, Paulinha que ainda isto nem aqueceu e já vamos discutir. Mas que conversa é esta do papel das mães? Eu assim de repente vejo dois papéis exclusivos à mulher: parir e amamentar. O resto é papel dos dois. E isto é tão válido para mim que descasco a fruta para dentro do prato do segundo como para a Paulinha que usar nove talheres por refeição, percebe? Não há nenhuma tarefa relativa aos filhos que não possa e não deva ser partilhada por ambos os progenitores*. Nenhuma.

 

No capítulo 4

"As roupas devem ser práticas, podendo ser caras ou baratas."

Bolas, que alívio. Ainda bem que a Paulinha faz esta ressalva que eu já estava aqui aflita a pensar que não nos autorizava a vestir os putos com umas roupinhas mais económicas e lá se tinham que ir 3/4 das farpelas dos meus putos à vida.

 

"É importante começarem a usar as chamadas 'palavras mágicas': olá mãe, está boa?"

Bem diz a Paulinha que o seu carma é ensinar... Veja lá bem que eu andava enganadíssima (sim Paulinha, nós que limpamos a nossa própria sanita também usamos superlativos) e pensava que as palavras mágicas era coisas do tipo "por favor", "obrigada", "com licença". Em última instância até um "abracadabra" me parecia aceitável. Mas um "olá mãe, está boa?" nunca pensei que também fosse. Enfim, já dizia o outro que isto é viver e aprender.

 

"A partir dos três anos a criança já se poderá começar a habituar a sentar à mesa às refeições para aprender a conviver com a família."

Ai podemos tirá-los logo da jaula aos três anos e sentá-los à mesa? E eu tinha ideia que não convinha nada antes da idade escolar... Aqui a Paulinha que me desculpe mas o meu por via das dúvidas vai ficar mais uns aninhos enjaulado que já se sabe que não tenho "criadas domesticadas" como as suas para esfregarem as nódoas de comida das toalhas e assim.

 

"Geralmente dá-se mais mimo às raparigas que aos rapazes."

Oh Paulinha conte lá aqui à gente, esta afirmação é feita com base num estudo com que amostra? É que pela sua experiência não deve ser porque nunca teve filhos rapazes para poder comparar. Eu como sou sua amiga vou contar-lhe que, sendo mão de dois, ainda nunca lhes bati com uma vara de marmeleiro, nunca os deixei em privação de sono e nunca lhes dei banhos de água gelada para enrijar os ossos. Se eles um dia sentirem falta dessas coisas que façam o curso de Comandos. Por agora têm os rabos (pode dizer-se rabo, não é? Cu é que não.) cheios de mimo. Tanto como teriam se tivessem nascido meninas.

 

Capítulo 6

"O pequeno-almoço e o lanche são importantes."

A sério? Ninguém diria. Sabia também que estar vivo é o contrário de estar morto? E não sou eu que digo, é uma colega sua, pessoa de bem que, tal como a Paulinha, sabe imensas coisas que os comuns mortais desconhecem.

 

Capítulo 7

"O homem é o único animal que tem que trabalhar".

Infelizmente confere. Mas há sempre aquela coisa como os porcos do Orwell: trabalhar todos trabalham, mas uns trabalham mais que os outros. E depois há uma percentagem que ganha dinheiro a escrever parvoíces e lugares comuns. 

 

Contra o risco de bullying será recomendável apresentarem-se com um ar limpo, cabelo em ordem e uma atitude decidida."

E pronto, a gente banha os putos, baixa-lhes a gadelha com um bocado de gel e diz-lhes que metam o peito para fora nos corredores que nunca mais ninguém se mete com eles, é isso? Não sei porquê mas desconfio que não chega... De qualquer forma eu não sou psicóloga nem pedagoga, não percebo nada da poda. Mas espera lá... A Paulinha também não é, pois não? Bem me parecia...

 

Capítulo 8

"A televisão criará a paralisia psíquica."

E eu que pensava que ainda não havia televisões durante a infância da Paulinha. Afinal olha, está explicado. Foi disso, não foi?

 

Capítulo 9

"Ser adolescente não é uma doença."

Esqueçam, não vou citar a Lili Caneças outra vez.

 

"Basezinha", uma etiqueta para os mais novos

"Os bebés não nascem com boas maneiras". 

E ainda ela não viu os puns e os arrotos que o meu mais novo dá. 

 

"Não devem ter as mãos nos bolsos."

Devem ter cortado esta frase sem querer. A Paulinha devia querer dizer "não devem ter as mãos nos bolsos dos outros" assim numa espécie de eufemismo para o mandamento "não roubarás". É que não encontro outra justificação (mas também já assumi que sou uma ignorante nesta coisa das boas maneiras).

 

"Quando se encontra um amigo deve-se ser simpático com ele, sorrir e dizer olá. Se esse amigo levar um pequeno cão poderá fazer-lhe uma festinha."

E se o cão for grande?

 

"Não se toca nas pessoas quando se conversa com elas."

Porra, estava a ver que chegávamos ao fim e eu não conseguia concordar com nada. Mas esta frase sou capaz de a emoldurar e meter na sala de estar, na parede em cima do recuperador, onde todo e qualquer bom pobre gosta de pendurar qualquer coisinha.

 

 

*Progenitores é sinónimo de pais, sim Paulinha? Ai, disparate, esqueci-me que a querida é licenciada na Faculdade de Letras. Ainda bem que referiu isso no seu livro. Várias vezes. 

 

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