Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

02
Jul18

Grupos de mães no Facebook #10

 

Sem Título.png

Eu andei a fugir disto, de verdade que andei. Não queria cair na vulgaridade, não queria baixar o nível. Mas os prints não pararam de chegar, todos na mesma onda, e eu lá os fui arquivando numa pasta à qual dei o nome "vergonha alheia". Hoje essa pasta vai ser aberta porque não dá mais para ficar indiferente. Agora fica é o aviso: se forem pessoas muito sérias e púdicas marchem-se daqui mesmo agora e leiam só a próxima publicação no Facebook. É que esta é de bradar aos céus, ou como vão perceber lá mais à frente, de tirar a força nas perninhas. Se decidirem continuar estão por vossa conta e risco. Depois não digam que não vos avisei.

 

 

Isto é mais ou menos uma aula de educação sexual

 

1. Olá meninas depois de nascer a I. eu e o marido queremos mesmo ficar por aqui (tivemos três meninas em cinco anos) e arranjar uma solução definitiva. A médica de família falou-nos em vasectomia mas temos um bocado de medo. Algum dos vossos maridos já fez? Desculpem a pergunta mas "aquilo" continua a "trabalhar normalmente" depois da cirurgia, assim tipo sem nenhum problema? Se puderem partilhar as vossas experiências eu agradeço.

Pronto, cá vamos nós e logo assim de cabeça. Em primeiro lugar deixem-me dizer que tive que dar a volta a esta pergunta de forma a torná-la perceptível e, como de costume, corrigi os erros ortográficos porque, de contrário, perdiam um quarto de hora só a pensar onde é que a pessoa queria chegar (assim só perdi eu). Agora cá a ver, vamos todas fazer um pequeno exercício. Imaginemos que vamos comprar um brinquedo para o nosso filho, assim por exemplo uma pista de carrinhos telecomandados que é preciso montar. O que é que fazemos em primeiro lugar antes de começar a brincar? Lemos as instruções, certo? Então porque é que estas pessoas não fazem o mesmo com as pilas, senhores? Era tudo tão mais simples se antes de começarem a "brincar" estas pessoas perdessem uns minutos a estudar os mínimos básicos do processo. Já não falo em artigos científicos mas epá... Uma wikipédia, neste caso, é mais do que suficiente. Evitavam-se perguntas parvas e as pessoas adquiriam conhecimentos mínimos sobre os mecanismos de funcionamento da coisa. Mas não, o que se vê é o desconhecimento total e absoluto. E sabem o que é o pior de tudo? É que em resposta a esta publicação uma outra mãe (mama para as "migas") escreveu o seguinte:

 

"Eu sobre vasectomia não sei grandes coisas mas acho que é melhor do que seres tu a laquear-te porque conheço muitas mulheres que depois da laqueação nunca mais sentiram prazer nenhum..."

E foi isto. Sempre ouvi dizer que "amor com amor se paga" mas, neste caso específico, foi mais "burrice com burrice se paga". É que atiram assim estas para o ar e pronto, são certezas absolutas. Se acho idiota não conhecer os mínimos sobre pilinhas? Acho. Mas não saber nada sobre o pipi que se tem parece-me realmente imperdoável. Porra, esta gente saberá alguma coisa sobre o seu próprio aparelho reprodutor? Trompas, útero, ovários... Serão isto palavras que dizem alguma coisa a este povo? E reparem que ela não conhece uma mulher que deixou de sentir prazer depois da laqueação, conhece muitas. Muitas. Como diz uma amiga minha, parem lá o mundo que eu quero sair. Agora se faz favor.

 

 

2. Olá a todas as gravidinhas do grupo. Agora que a barriga se está a transformar numa barrigona tenho pensado muito em como é que o nosso estômago consegue esticar tanto a ponto de ter cá dentro um bebé que pode chegar a ter quatro quilos. Não vos dá que pensar também?

Aim. Ajudem-me. Por favor. É que, na verdade, isto dá-me mesmo muito em que pensar. Penso especialmente que a pessoa se enganou e queria escrever útero em vez de estômago e, como estava cheia de fome, acabou por se baralhar. Foi, não foi? Porque ninguém acredita mesmo que os bebés estão dentro do nosso estômago, pois não? Quer dizer, no outro dia disse aos filhos de umas amigas que tinha comido um bebé e acho que eles acreditaram mas... Têm quatro anos. A partir aí dos seis toda a gente começa a ouvir aquela da sementinha, certo? Aos quinze toda a gente sabe que os bebés crescem no útero, verdade? Foi um engano, foi mesmo só um engano. De certeza. De certezinha. Ah, antes que me esqueça, gravidinhas é tão mimosinho que até me dá arrepios na espinha. Socorro.

 

 

3. Olá mamãs. O meu marido é super criativo na cama e gosta de me deixar sem força nas perninhas mas tenho medo que as coisas mudem depois do parto. Será que ele vai ficar traumatizado com o que vai ver? Será que depois vou ter muitas dores? Como é que vou aguentar estando cosida? Contem-me tudo...

Ok, se a pessoa quer mesmo saber tudo a mãe imperfeita vai contar. Então é assim em relação à primeira pergunta fique lá descansadinha que ele não vai ver nada. Em princípio ele fica à cabeceira e, se não for abelhudo, não há muito por onde traumatizar digo eu. Excepto se ele ficar obcecado com cenas tipo "quão grande foi a dilatação para este bebé de lá sair?" mas, pelo que conheço do cromossoma Y não me parece que isso seja coisa que os faça perder anos de vida. Saiu, saiu, está cá fora, está cá fora e que volte tudo ao lugar. (Nota: consultar o significado de cromossoma Y no Google que a mãe imperfeita é a favor daquela cena do dar a cana e ensinar a pescar em vez de arranjar logo o peixinho no prato). Quanto à pergunta número dois a resposta honesta é que sim, que vai. Não conheço estudos que suportem a minha afirmação por isso fica com a minha palavra e acabou. Depois de parir as coisas demoram um bocado a normalizar no sul e, portanto, é desconfortável e, muitas vezes, doloroso. Mas em vez de vir perguntar para o Facebook pode sempre falar sobre isso com o seu médico que é pessoa para lhe indicar produtos que podem ajudar. Para finalizar, se quer um conselho, enquanto estiver "cosida" esteja quieta, em sossego e recato. Mas acho que isto vai perceber sozinha quando sentir que está a ser toda repuxada só pelo simples facto de se sentar. Abalam-se-lhe logo as ideias. As ideias e a força nas perninhas.

 

 

4. Boa tarde. Acham que há algum problema com a realização de sexo oral no pós-parto?

A. MÃE. IMPERFEITA. ESTÁ. SEM. PALAVRAS.

 

Mentira, não está nada. A mãe imperfeita quer expressar a sua profunda admiração por estas pessoas porque ela, no pós-parto, estava mais preocupada com pormenores estúpidos do tipo "o puto precisa arrotar", "será que está a aumentar bem de peso?", "com quantos dias é a primeira consulta de saúde infantil?". Enfim, merdices sem qualquer interesse. Obviamente que a vida sexual é um tema muito mais prioritário e ao qual deve ser dada primazia. Agora cá resguardos como no antigamente, era só o que bem faltava. Enfim, na verdade não faço ideia se há problema, se não há problema. Onde vejo um problema claro é em pregar com uma dúvida destas no Facebook. Mas isso sou eu que tenho a mania.

 

 

E pronto, ficamos por aqui que isto hoje não dá para mais. Se mesmo depois do aviso inicial tiveram a coragem de se aventurar neste pântano dou-vos os parabéns. E se não coraram de vergonha alheia nos entretantos dou-vos os parabéns duas vezes. Os "grupos de mães no Facebook" voltam na próxima Segunda-feira. A não ser que vocês não queiram. 

 

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.