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A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

18
Jun18

Grupos de mães no Facebook #8

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Um bocadinho mais tarde que o habitual mas, ainda assim, cá estamos para mais uma Segunda-feira. E toda a gente sabe o que é que a Segunda-feira significa neste blogue, certo? Ora bem, antes que morram de curiosidade anuncio que hoje dedicaremos a nossa atenção às áreas da patologia e da pedagogia uma vez que, ao longo da semana, fui recebendo prints que mostravam que existem diversas dúvidas dentro destas duas áreas específicas. E porque a mãe imperfeita é pessoa que gosta de ajudar o próximo e nunca vira costas a um desafio seguimos para bingo.

 

 

PATOLOGIAS E PEDAGOGIAS

 

1. Olá a todas. Sugestões sobre formas de entreter e contribuir para o desenvolvimento de um bebé de três meses alguém tem? Obrigada.

Ora bem, em primeiro lugar salientar a boa educação desta pessoa que cumprimenta quando entra e agradece quando sai. Houvesse mais gente assim e o mundo seria, certamente, um lugar muito mais agradável para viver. Quanto à dúvida propriamente dita, na minha opinião há imensas coisas que se podem fazer com um bebé desta idade. E se pensam que vou sugerir idiotices como dar-lhe amor, miminhos, leite, banhos e ajudá-lo a dormir estão completamente enganadas. Acho que essas coisas são um completo desperdício de tempo e, se nos metermos por esses caminhos, corremos o risco de ver os putos chegarem aos dois anos sem saberem uma palavrinha de inglês e a olharem para uma partitura como um burro olha para um palácio. E ninguém quer isso para os filhos, certo? Pois bem, eu cá aconselho, desde já, que comece a ler para a criança. Mas calma, não se assuste que não estou a falar de histórias infantis de moral duvidosa, falo de literatura a sério e, preferencialmente, na sua versão original. Para os russos talvez seja ainda um pouco cedo mas parece-me que os três meses são a altura ideal para introduzir os sul-americanos e os nomes mais sonantes da literatura inglesa. A poesia também é uma opção e aconselho, neste caso, Fernando Pessoa, até porque não queremos que o miúdo cresça já a pensar que só lá fora é que se fazem coisas boas. Depois pode inscrevê-lo em aulas de piano (mas avise já a professora que a criança não vai para lá para aprender a tocar os "parabéns a você" e as "pombinhas da Catrina"), num workshop de escrita criativa ou, eventualmente, num curso de cozinha japonesa. Para finalizar, permita-me um último conselho: depois do leitinho certifique-se que o puto arrota porque, apesar das imensas potencialidades desta fase, os miúdos têm o péssimo hábito de fazer porcarias tipo bolçar. E ninguém quer um filho prodígio a cheirar a azedo, verdade?

 

 

2. Olá a todas as mães. Ultimamente o meu filho de dois anos ganhou o hábito de coçar a pilinha e, depois de o fazer, a pilinha fica dura e no ar. Acham que devo consultar um médico? O que pode ser isto?

Ai minha rica mãezinha. Já li e reli, li e reli, e continuo a preferir acreditar que esta dúvida é uma piada. Ó senhora, como é que o seu filho foi feito? Não me diga que a apanharam inconsciente e pimba? É que não consigo entender como é que uma mulher adulta faz uma pergunta destas, juro. Podia gastar aqui o meu latim e um monte de caracteres a explicar que a masturbação infantil é uma coisa perfeitamente natural e normal da infância mas tenho medo que o seu cérebro entre em curto-circuto ou assim qualquer coisa dentro desse género. Sossegue lá o espírito com o médico que o puto não está doente. E as pilinhas ficam duras e levantam, faz parte das funções delas porque, acredite ou não, diz que aquilo não serve só para fazer chichi. De verdade que isso não quer dizer que tenham sido possuídas por forças maléficas, fungos ou bactérias, acredite. Agora mesmo a sério, publicou esta dúvida só para gozar um bocadinho com as outras mães todas, não foi?

 

3. Boa noite a todas, vim agora da urgência pediátrica onde o meu filho foi diagnosticado com varicela mas ele só tem doze borbulhas no corpo. Acham mesmo que é possível?

Estou cansada de dizer isto mas, o que foi fazer para a urgência pediátrica com o miúdo se nós estamos aqui todas, praticamente mestres em pediatria, super disponíveis para consultar a sua cria? É que ainda por cima aposto que ficaram lá imenso tempo à espera e, aqui neste cantinho, em menos de dois minutos tinha a sua primeira resposta (com a grande vantagem de não estarem expostos aos micróbios da sala de espera). Enfim... Já que insistiu nessa tolice e foi para lá, agora deixe-me dizer-lhe que é óbvio que com doze borbulhas nunca poderá ser varicela. Com onze tudo bem, com treze ainda vá que não vá, agora com doze? Toda a gente sabe que a varicela foge da dúzia mais depressa que o diabo da cruz. Que raio de médico terá sido esse que vos atendeu? É consensual que nesses casos a primeira coisa a fazer é contar o número de borbulhas coisa que, aposto eu, ele não fez. Deve ter perdido tempo com perguntas parvas tipo "onde é que as borbulhas começaram?", "dão comichão?", "a criança tem tido febre?" e, finalmente, especou-se a olhar para as borbulhas como se o formato das mesmas lhe pudesse dizer alguma coisa. Contá-las que é bom é que nem pensar. Há médicos que são autênticos sapateiros caramba. Você fuja desse povo.

 

4. Bem meninas, estou mesmo a precisar de desabafar. Acho que vou ter que mudar a minha MM de escolinha. Já pedi mais de dez vezes à educadora para adaptarem a canção do atirei o pau ao gato às novas recomendações mas ela insiste em manter a versão ultrapassada que, quanto a mim, apela claramente à violência. Estou a pensar expôr o assunto à direcção do agrupamento e, se nada for feito, com muita pena minha, terei que tomar outras medidas. Não é desta forma que quero que a MM seja educada... 

Pára tudo. Novas recomendações? Há alguma entidade a emitir pareceres e recomendações relativamente a canções infantis? Quem são eles? A Ordem dos Psicólogos? A Sociedade Portuguesa de Pediatria? Conte-me tudo que estou claramente desactualizada. Ainda assim e confessando já a minha ignorância relativa ao assunto deixe-me só perguntar-lhe qual a versão que cantava em criança? É que eu sempre cantei que atirava o pau ao gato mas na vidinha real nunca fiz mal a nenhum. Nem sequer me tornei uma psicopata dessas que andam por aí a torturar animais. E quem diz eu diz as dezenas de outras pessoas que andaram comigo na creche e escola primária. Até onde sei a maioria deles até gosta dos bichanos e, de entre nós, saíram uns quantos "cat lovers" ou lá como se diz. Repare, se a escolinha da sua filha é boa, se funciona bem em todos os sentidos acha que vale mesmo a pena rodar a baiana por uma minudência destas? Não acha que está a ser mais papista que o Papa? Esta mania do politicamente correcto já enjoa, juro. E se entrarmos por aí é um caminho sem retorno, quer um exemplo? O filho de uma amiga minha, na creche dele, canta que atirou o pão ao gato mas que o gato não comeu. Agora pense lá comigo, se o gato for celíaco (como eu) o que é que lhe fará pior? O pão ou o pau? Ah pois é... Nestas coisas ninguém pensa.

 

5. Na primeira vez que dei morangos à Íris notei que no dia seguinte lhe apareceram umas borbulhinhas no corpo. Ontem demos pela segunda vez e tivémos a sensação que a língua dela ficou um bocado inchada para além de que hoje está novamente com borbulhinhas. Acham que devemos voltar a tentar?

Ah, mas claro que sim. Dá-me ideia de que estão, claramente, no caminho do sucesso. E nesse caminho o próximo passo será a dificuldade respiratória. É por isso que se calhar convém que na próxima tentativa tenham um telefone ao lado já com o 112 em pré-marcação. Ou isso ou dão no carro, parados à porta do hospital, que sempre ganham o tempo do caminho. Parar de dar morangos é que não, ora essa, raio de ideia.

 

 

E pronto, para a semana há mais. Ah, parem por favor de me perguntar se estas questões são reais porque, como já referi mais do que uma vez, são reais sim senhora. Desgraçada e infelizmente não preciso de me dar ao trabalho de inventar nadinha porque este é um daqueles casos em que a realidade supera largamente a ficção. Haja Facebook, haja grupos de mães.

 

*Há morangos na horta do meu pai mas estes roubei do Google.

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