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A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

18
Mar18

O corpo da mãe

 

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Pensei muitas vezes se devia escrever sobre este assunto, em primeiro lugar porque é um assunto realmente pessoal e, em segundo lugar, porque a internet está cheia de textos maravilhosos sobre o mesmo, quase todos a apelar ao sentimento e a maioria das mulheres parece gostar que as mudanças no corpo decorrentes da gravidez sejam tratadas assim. Acontece que não é desta forma que me sinto e, portanto, não esperem nenhum texto particularmente lamechas onde diga que cada estria é uma marca de amor e outras coisas desse género.

 

Antes de engravidar fazia desporto. Não sendo realmente uma atleta o desporto que fazia servia para que me sentisse bem dentro do meu próprio corpo, as coisas estavam no lugar certo. Sempre achei que seria uma grávida que iria conseguir manter a actividade física mas a vida nunca corre como planeado e, logo desde cedo, com as complicações que foram aparecendo, fui forçada ao repouso. Depois do Pedro nascer as coisas também não foram simples e quando finalmente me senti apta a voltar aos treinos descobri que estava grávida outra vez. E se a primeira gravidez não foi fácil, esta tem batido todos os recordes de complicações. Posto isto estou parada, sem qualquer actividade física.

 

E quando olho para o espelho tenho muitas vezes vontade de chorar, custo a reconhecer-me ali. Apesar de continuar magra o meu corpo sofreu tantas mudanças que fica difícil aceitar que este agora é o corpo que me pertence. Contrariamente à maioria das mulheres, como já escrevi acima, eu não olho para as minhas maminhas descaídas e penso "não faz mal, são uma prova de que amamentei o meu filho"; na verdade eu olho para elas e penso "quem me dera ter dinheiro para ir fazer uma mamoplastia". E sim, já devem estar a chamar-me tudo a esta hora mas as coisas são como são. O corpo é importante para mim. Gostava quando o meu rabo era rijo em vez desta coisa que é agora, gostava de não ter celulite, gostava de ter abdominais em vez de barriguinha. Evidentemente não trocava o meu filho por nenhum corpo do mundo mas não posso dizer que aceito de cara alegre estas alterações todas.

 

No meu caso, para além de ter que aprender o papel de mãe, tive também que aprender a viver num corpo com o qual não me identifico e do qual não me orgulho. E se me custa escrever isto. O ano passado, pela primeira vez desde a infância, investi num fato de banho. São giros, estão na moda e, acima de tudo, tapam muito mais do que os biquinis que habitualmente usava. E mesmo assim, quando vejo as fotografias das férias de Verão, fico sempre um bocadinho triste porque, hey, de certeza que aquela sou eu?

 

E sim, sei que o mundo está cheio de super-mães que ostentam as suas mamas descaídas com orgulho e dizem que cada estria não é mais do que uma prova de amor incondicional. Sei que há mães que abraçaram orgulhosas os 20Kg que a gravidez lhes deixou de bónus e que se estao nas tinhas para estas coisas que até consideram superficiais. Mas lá está, eu não penso assim. Não olho orgulhosa para o espelho, não acho que estas alterações todas tenham sido maravilhosas (apesar de me terem trazido o melhor do mundo), nem acho que seja forçada a dizer que me sinto bem só porque sim, porque outras ficaram muito piores ou porque posso ferir susceptibilidades. Na verdade não estou confortável com o meu corpo, pronto. E deixem lá este nascer se querem ver o que é lutar com unhas e dentes para melhorar o que puder ser melhorado e começar a gostar mais de mim outra vez.

 

 

2 comentários

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    Carmen Garcia 18.03.2018

    Um dia ainda vamos "recauchutar"
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