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A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

A mãe imperfeita

Porque a maternidade é difícil. E as mães precisam de rir.

24
Abr18

O primeiro dia de creche

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Sempre li muito e isso, mais do que uma ajuda, às vezes torna-se um problema. É difícil gerir o excesso de informação quando este, muitas vezes é, inclusivamente, contraditório entre si. No que diz respeito ao tema "primeiro dia de creche" acabei por memorizar meia-dúzia de pontos-chave que eram mais ou menos transversais a tudo aquilo que li e que agora partilho convosco:

 

- Sim, faz sentido que a integração na creche seja feita de forma gradual e, por isso, é conveniente que os miúdos entrem na creche alguns dias antes dos pais regressarem ao trabalho. Com os pais em casa é possível que as crianças no primeiro dia de creche apenas lá estejam por um curto período que deve ir aumentando gradualmente durante os dias seguintes. Também faz sentido que o primeiro dia de creche coincida com o início da semana para que a criança tenha de facto dias seguidos suficientes para se começar a adaptar.

- Quando deixamos o nosso filho na creche, e por muito que nos custe, a despedida tem que ser relativamente rápida. Não tem qualquer interesse prolongar a despedida e muito menos devemos voltar atrás porque eles choram. Depois de passarmos o nosso filho para o colo das educadoras temos que respirar fundo e abandonar a creche mesmo que isso nos "parta o fígado em dois".

- Para as mães mais emotivas é importante que se contenham. Chorem no carro a caminho do trabalho, chorem em casa abraçadas às almofadas mas nunca chorem em frente ao vosso filho quando o estão a deixar na creche.

 

Depois há outros pontos que levantam mais controvérsia mas desses só posso falar pela forma como decidi. Cada vez mais se defende que as mães devem estar com os filhos na sala no primeiro dia de creche. Eu pessoalmente optei por não o fazer. Pareceu-me uma invasão da dinâmica habitual da sala. Uma vez que o Pedro entrou na creche em Setembro, no início do ano lectivo, e havia mais crianças novas imaginem o que seria se todas as mães decidissem ficar por ali. Mas, como vos digo, foi uma decisão pessoal e qualquer outra teria sido igualmente correcta (desde que existisse abertura da parte da creche, claro).

 

Enfim, mesmo cheia de ideias na cabeça a entrada do Pedro na creche correu francamente mal. Havia a agravante da surdez do Pedro que, já sendo uma suspeita, não era ainda uma certeza e, inclusivamente, pensava-se ser uma coisa de menor dimensão. É natural que uma criança surda, sem a segurança sonora, se sinta ainda mais perdida que as crianças que podem contar com todos os sentidos para as ajudar na adaptação. Adiante...

 

Deixei o Pedro na creche cerca das 10h (com ele a chorar muito) e a ideia era ir buscá-lo às 12h mas, como combinado com as responsáveis da sala, liguei às 11h para saber como estavam as coisas. Nesse telefonema fui informada que não estava a ser fácil acalmá-lo pelo que decidimos que o deveria ir buscar de imediato. Quando lá cheguei fiquei com o coração partido aos cacos. Ele estava vermelho, de olhos inchados e lágrimas a escorrer cara abaixo. Quando me viu começou logo a esticar os bracinhos e a chorar ainda com mais força. Juro que podia ler um "salva-me!!!" na expressão dele. E se eu até tinha aguentado bem a parte do deixá-lo lá, depois de o ir buscar cheguei a casa a sentir-me uma autêntica merda. Nesse dia, já em casa comigo, ele recusou o almoço e foi preciso mais do que uma hora para o conseguir adormecer. Na verdade o filme repetiu-se nos dias seguintes e, por isso, nos primeiros três dias nunca ficou na creche mais de 1h30'. Só ao quarto dia almoçou lá. A parte positiva é que mesmo sempre a chorar e francamente nervoso ele permitia que cuidassem dele e sempre comeu bem.

 

Foram precisas semanas para que as coisas entrassem num ritmo estável. No nosso caso concreto a colocação dos aparelhos auditivos foi o ponto de viragem. Desde Janeiro que ele é claramente uma criança muito feliz na creche apesar de ainda ficar a chorar de manhã na grande maioria dos dias. Se foi fácil? Nadinha. O Pedro foi realmente uma criança com uma adaptação prolongada e difícil mas claramente valeu a pena. Hoje em dia, sempre que o vou buscar, ele está todo satisfeito a brincar e sinto que ele gosta das educadoras e que elas gostam dele (e sentir isso é talvez o mais importante de tudo).

 

Às mães que vão iniciar esta jornada aconselho paciência, coragem e persistência. É pensar que se as outras todas conseguiram vocês também conseguem. Pode ser uma adaptação mais ou menos difícil para vocês e para os vossos filhos mas, no final, esteja ele longe ou perto, saem todos vencedores.

2 comentários

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    Anónimo 23.09.2020

    Olá, não tinha conhecimento mas após ler sobre o assunto percebi que foi mais ou menos o método aplicado pela educadora com algumas diferenças, pois para o meu filho existiram algumas variantes/condicionantes como por exemplo a minha possibilidade em ficar com ele dentro da escola. Contudo, aos tropeções e trambolhões eu e o Ricardo lá nos fomos adaptando à nova realidade e hoje em dia as fotos que vou recebendo dele enviadas pela educadora, mostram e deixam bem claro que não tenho nada com que me preocupar ;). Obrigada pela informação.
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